Ao fim da noite, Sofia, fritando batatas, olha para a janela.

Acorda inspirada e conhece Nicolas no Sebo.

Se encontram e dialogam.

Se move estaticamente, muda sua crença, aberta para mais, contente com menos.

     Era em uma cidade grande no meio de uma noite fria e pouco movimentada, que Sofia Neves, tirava batata frita da embalagem, direto para frigideira, e pensava quem era mais feliz: ela ou os sapos do lago de onde trabalha. Não sabia se agradecia ou chorava por passar sua juventude cercada de duas paredes brancas, um corredor e uma janela enorme que ia do chão ao teto. A cozinha em que trabalhava não era tão ruim. Pelo menos tem uma janela bonita e árvores para olhar, pensava. Enquanto largava as batatas, comparando as felicidades, pensava quem era mais feliz. Os animais que passam frio e fome? Dependem das marés de sorte, dos fluxos da fauna e flora para mais um dia de vida sob a Terra? Ela agradecia por ter pra onde ir, mesmo que suasse tanto com o óleo quente, podia pensar, mesmo que não claramente e lutar pela melhoria de sua condição. Mais decidida se era feliz ou não, ele elevava seus pensamentos, seu corpo se alinhava com sua alma, sorrindo com cada célula, enquanto se virava para a janela olhando a paisagem, respirando fundo, como se a visão fosse sua respiração. Via do outro lado do vidro árvores, que faziam sombra a luz lunar, que dançavam com o vento gelado. Um instante antes de voltar sua atenção na razão de seu, sustento, de sua tristeza, porém menor que a dor dos sapos - uma pessoa na calçada para de caminhar, encarando a cozinheira novata. Trocam um olhar por dois segundos, parecendo uma eternidade, dando tempo suficiente para cada um penetrar na alma do outro, com a impressão completa do estado e do ser na condição humana que cada um reside - um entrou no outro - o tempo parou. Anotou a figura como interessante e bonito. Era um menino, voltou a caminhar e a menina, a cozinhar.

     Seria ele um dos sapos? Que virou príncipe para me dizer que é na verdade é feliz? Seria algum aprendiz de feiticeiro para me tirar daqui, voando com as vassouras da cozinha? Sofia acordou diferente na manhã seguinte, fazendo essas perguntas a si mesmo. Decidiu passar no sebo que ficava no caminho da cantina que lhe pagavam as contas. Firmou que merecia um tempo para ler livros e viver o que não vivia. Chegando, cumprimentou os atendentes, e pensou: “Quem será que é mais feliz, quem trabalha com comida ou quem trabalha com livros?” Com agilidade perguntou onde ficavam os romances. Enquanto procurava um título interessante, sem mesmo folhear, notou um menino na estante mais ao fundo e pensou: "Será que é o men.. Se bem que isso acontece nos livros.. por isso decidi pegar um. Deve ser só um menino da estante.” Voltando aos atendentes, que assim como os livros, eram velhos, cansados e torciam para alguém conversar com eles. Suas palavras. fechadas por uma capa, esperando o interessado o escolher interagir com o corpo, humano, ou papélico. Sohpia, pagando o seu romance, sentia a emoção de ter escolhido um título, simpatizado com o nome do autor e assim, ler o mais rápido possível. Logo atrás dela o menino da estante, também decidido, com título só, assim como Sofia. Ele investigava tudo que acontecia ao seu redor esperando a sua vez. Via os livros do mostruário, olhava o movimento da rua, o sol no asfalto, e a menina, dizendo aos caixas como estava empolgada. O menino, como curioso, pediu licença, antes dela se dirigir a saída, e perguntou que titulo ela levava. Ela respondeu com ânimo: “A Rosa do Deserto. Parece ser um romance com aventura.” Ele sorriu, e antes de dizer algo, ela fez a mesma pergunta. “A Gênese das Raças. Li um ou outra página. Diz que somos fragmentos de Deus, confusos pelo esquecimento perdemos a ligação com nossa essência, existem engenheiros siderais que pla nejam e modificam nosso corpos, as cidades e os mundos.” Ela se espantou, como tinha tempo para não atrasar, decidiu investigar se era esse ou não o belo e interessante menino. Interessada, mas desconfiada, com a simpatia que lhe era permitido disse: “Você sabe que esses livros são todos iguais, falam sobre as pirâmides, sobre segredos e chaves para viver, mas eu já descobri tudo. A gente nasce, faz o que ta destinado, e morre. Acabou. Não vejo sentido, meu coração está cada vez mais frio, acho que nasci para fracassar, e ler livros sozinha, que aquecem pelo menos um pouco, para eu me manter sã. Quem disse que a Terra é redonda, nem disso eu tenho certeza. Minha familia assim como eu, nasceu para trabalhar para os outros, como posso confiar no que escrevem? Se nem em mim tenho fé?” Ele se comoveu, e sabia o que responder, como uma carta na manga. “Todo que é escrito contem uma verdade. Todas as verdades são meia verdades, observando, sei o que é escrito com o sangue ou não, mas esse é um poder que poucos tem o privilégio de descobrir por conta própria. O mundo é feito de coincidências, quanto mais a gente pensa sobre ele mais fica confuso. Tudo fica melhor quando você observa e respeita, observa de longo o que seu corpo faz e para onde vai. Ontem eu vi uma menina trabalhando em uma cozinha, foi uma cena única e inenarrável. Senti que ia vê-la de novo. Quem sabe é você, os livros que compramos possuem quatro palavras, é mais um sinal.” Ela se espantou mais ainda, dessa vez, se espantou e nem sabia que sentimento era aquele. Arregalou seu corpo, arregalou sua respiração, como se ela fossem seus olhos. Ele percebeu que era ela sem falar nada, sabia que o horário estava apertado e disse assim, “Toma meu celular, sei que precisa trabalhar, eu também, de noite te ligo, quer dizer, me ligo.” E saiu andando. Com essa cena dramática desnecessária, Sophia não foi atrás dele para pedir seu número e devolver seu telefone. Ficou parada, sem saber o que fazer, até lembrar que precisava trabalhar, e andou na direção oposta do menino

Disse a ela seu nome, que sua família era uma mistura interessante difusos e franceses. "Eu adoro meu nome, mesmo achando um saco isso de nomear tudo que se vê por aí, mas é o nosso processo, não vivemos em vilas de cristais e mesmo lá ainda assim no meio mesmo que de forma menos bagunçada.” Ele era Nicolas Lefrevi, auto intitulado cientista da alma.

Existem inúmeros caminhos e narrativas para uma ascensão da alma. O meu, foi esses livros, já te adianto sobre meu preferido, que te leva a todos os lugares do universo, não só na imaginação, mas em presença e contemplação. Com ele, eu fui apresentado ao Corpo de Deus. Vou te emprestar e te ajudar a entender o que precisar.

Diferente do seu pensamento ofuscado, Sophia, assim como Nicolas, assim como tantos no globo em que viaja, pensam claramente, de forma reta. Unificados com a Mente Universal, reconhecendo sua participação ao Corpo de Deus, sendo esse momento o único que importa, navegando através de tudo que alcaça, o passado, futuro, suas variações e obras, se abstraindo, compassivamente desapegada.

Ampliar a percepção-melhorar a ação

Enquanto assava suas batatas, sofia, feliz Brenda com a neve pensava eu não sou arqueóloga, intelectual, nem cientista-tive chance de conhecer um. Espaço com toda essa visão e beleza, impossível de lutar contra o discernimento, e apura lógica, eu sou isso e tudo sou eu. me cabe dar meu máximo, assim como as abelhas, sei que elas fazem o meu mesmo sem nunca ter visto uma colmeia, só em livros. Me entrego a terra e contribuo para esse ciclo, agora conheço mais duas leis, esperando a renovação, entendendo que tudo tem seu lugar, tempo e propósito.